Vale a Pena Comprar Ações do Banco do Brasil? Análise Completa
Vale a Pena Comprar Ações do Banco do Brasil? Análise Completa
O Banco do Brasil (BBAS3) é uma das instituições financeiras mais tradicionais do país, com mais de 200 anos de história e forte presença no mercado de capitais brasileiro. Como uma sociedade de economia mista controlada pela União, o banco ocupa posição de destaque na B3 e frequentemente atrai a atenção de investidores interessados em exposição ao setor financeiro com potencial de dividendos. Mas será que, no cenário atual, vale a pena comprar ações do Banco do Brasil? Neste artigo, analisamos os principais aspectos que você deve considerar antes de tomar essa decisão.
O Banco do Brasil possui uma das maiores redes de agências do país, com forte presença nacional
O Banco do Brasil no Mercado Financeiro
Fundado em 1808, o Banco do Brasil foi a primeira instituição bancária do país e a primeira companhia brasileira listada em bolsa, em 1906. Atualmente, além da área bancária tradicional, o BB atua nos segmentos de investimentos, gestão de recursos, seguros, previdência, capitalização e meios de pagamento.
Como sociedade de economia mista, o banco tem 50% de suas ações controladas pela União, com 49,6% em free float (negociadas livremente no mercado). Essa característica traz tanto vantagens quanto desafios para o investidor, como veremos adiante.
Vantagens de Investir nas Ações do Banco do Brasil
Histórico de pagamento de dividendos do Banco do Brasil nos últimos anos
Pontos Positivos
- Histórico de dividendos atrativo – O BB tem mantido um payout (percentual do lucro distribuído) entre 35% e 40%, resultando em dividend yields historicamente acima da média do mercado.
- Solidez institucional – Como banco estatal, conta com o respaldo do governo federal, o que traz maior segurança em momentos de crise.
- Liderança no agronegócio – O banco detém mais de 50% de participação nos financiamentos destinados ao setor agrícola, um dos mais importantes da economia brasileira.
- Valuation descontado – As ações negociam com múltiplos abaixo da média histórica e dos pares do setor.
- Diversificação de receitas – Além da operação bancária tradicional, o BB possui participação em empresas como BB Seguridade (BBSE3).
Um dos principais atrativos para investidores é o dividend yield do Banco do Brasil, que tem se mantido em patamares elevados nos últimos anos. Com um payout médio de 40%, o banco tem conseguido oferecer retornos significativos via dividendos, mesmo em períodos de maior volatilidade no preço das ações.
Riscos e Desvantagens
Volatilidade das ações BBAS3 nos últimos meses, com destaque para a queda após resultados trimestrais
Pontos Negativos
- Interferência política – Por ser uma empresa estatal, está sujeita a mudanças de direcionamento conforme alterações no governo federal.
- Alta exposição ao agronegócio – Embora seja uma vantagem competitiva, a forte presença no setor agrícola expõe o banco a riscos específicos, como visto no aumento recente da inadimplência.
- Concorrência crescente – Bancos digitais e fintechs têm pressionado as receitas de serviços bancários tradicionais.
- Queda na rentabilidade – O ROE (Retorno sobre Patrimônio) tem apresentado redução nos últimos trimestres.
- Redução na distribuição de dividendos – O banco diminuiu a previsão de lucro líquido a ser pago aos acionistas para 30% recentemente.
Um dos principais pontos de atenção atualmente é o aumento da inadimplência no setor do agronegócio, que subiu de cerca de 1,2% para mais de 3% em apenas um ano. Esse fator, combinado com os impactos da Resolução CMN nº 4.966/21, tem pressionado os resultados do banco.
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Evolução dos principais indicadores financeiros do Banco do Brasil nos últimos trimestres
Os resultados recentes do Banco do Brasil mostram um cenário desafiador. No último trimestre reportado, o banco registrou lucro líquido de R$ 3,785 bilhões, uma queda de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado foi fortemente impactado pelo aumento das provisões para créditos de liquidação duvidosa, especialmente no setor do agronegócio.
| Indicador | Valor Atual | Comparação Anual | Média do Setor |
| P/L (Preço/Lucro) | 3,6x | Abaixo da média histórica (5x) | 7,5x |
| P/VP (Preço/Valor Patrimonial) | 0,6x | Desconto significativo | 1,2x |
| ROE (Retorno sobre Patrimônio) | 8,4% | Queda de 8,3 p.p. | 16,5% |
| Dividend Yield projetado | 9-11% | Redução de 2 p.p. | 7% |
| Inadimplência (acima de 90 dias) | 3,49% | Aumento de 2,29 p.p. | 2,8% |
O ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) do Banco do Brasil caiu para 8,4%, um dos pontos negativos do balanço recente. Esse indicador mede quanto uma empresa é capaz de entregar de retorno para cada real investido em sua atividade. Na prática, os 8,4% de ROE entregues pelo BB representam um valor menor do que o investidor consegue ter, por exemplo, aplicando em título de renda fixa.
Por outro lado, o guidance (projeções futuras) do banco para o ROE ao final de 2025 aponta para uma lucratividade entre 11,5% e 14%, o que seria uma recuperação significativa. Alguns analistas questionam, no entanto, se o banco conseguirá entregar esse resultado.
Opinião de Analistas e Perspectivas
Distribuição das recomendações de analistas para BBAS3
As opiniões dos analistas sobre o Banco do Brasil estão divididas. De acordo com compilação recente, de 17 bancos que cobrem o BB, 11 estão “neutros” para o papel, dois estão “vendidos” e apenas quatro estão “comprados”. O “preço-alvo” médio dos analistas para a ação, que chegou próximo dos R$ 35 antes da divulgação dos resultados recentes, agora se encontra em cerca de R$ 28.
“O BB teve um lucro de R$ 3,8 bilhões e ROE na casa de 9%. Foi bem ruim, mas todo mundo esperava. No entanto, o guidance para o ROE para o final de 2025 aponta para uma lucratividade no ano de 11,5% a 14%, que achamos boa.”
Pedro Galdi, analista do AGF, é um dos poucos que defendem a permanência do papel na carteira. Ele avalia que os fundamentos da estatal permanecem intactos, enquanto classifica os problemas de crédito como o risco natural do modelo de negócio.
Já Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, tem uma visão mais otimista. Para ele, as ações podem reagir positivamente justamente por conta das previsões para o futuro. “O banco está dizendo ‘olha, no segundo semestre vamos nos recuperar'”, afirma.
Comparativo com Outros Bancos
Desempenho comparativo das ações dos principais bancos brasileiros nos últimos 12 meses
Ao comparar o Banco do Brasil com outros grandes bancos brasileiros, percebemos algumas diferenças importantes em termos de desempenho e valuation:
| Banco | P/L Atual | ROE | Dividend Yield | Variação 12 meses |
| Banco do Brasil (BBAS3) | 3,6x | 8,4% | 9-11% | -6% |
| Itaú (ITUB4) | 8x | 22,5% | 8% | +41% |
| Bradesco (BBDC4) | 7,5x | 16,8% | 7% | +36% |
| Santander (SANB11) | 7,2x | 15,3% | 6% | +22% |
O Itaú (ITUB4) tem se destacado entre os grandes bancos, com o melhor índice de eficiência de sua história, o menor nível de inadimplência dos últimos 15 trimestres, um crescimento de +14% em seu lucro líquido e um ROE de 22,5% — o maior entre os bancos incumbentes brasileiros.
Muitos analistas, como os da Nord Investimentos, mantêm preferência pelo Itaú em suas carteiras, citando o crescimento médio aproximado de 15% ao ano, menor dependência setorial, operação nos mais altos níveis de eficiência e rentabilidade, além da distribuição de bons dividendos.
Vale a Pena Investir no Banco do Brasil?
A decisão de investir deve considerar tanto os fundamentos quanto o perfil do investidor
Após analisar todos os aspectos, podemos concluir que investir em ações do Banco do Brasil apresenta tanto oportunidades quanto riscos significativos no momento atual:
Para quem pode ser interessante:
- Investidores de valor que buscam empresas negociadas abaixo do valor patrimonial
- Investidores focados em dividendos com horizonte de longo prazo
- Investidores que acreditam na recuperação do setor agrícola brasileiro
Quem deve evitar:
- Investidores avessos a volatilidade no curto prazo
- Quem busca resultados imediatos ou crescimento acelerado
- Investidores preocupados com interferência política em empresas estatais
O valuation atual do Banco do Brasil, com P/L de 3,6x e P/VP de 0,6x, sugere que o mercado já precificou grande parte dos riscos e desafios enfrentados pela instituição. O dividend yield projetado entre 9% e 11% também representa um atrativo para investidores focados em renda.
No entanto, é importante considerar que a recuperação dos resultados pode demorar alguns trimestres, com a normalização da inadimplência no agronegócio prevista apenas para 2026. Além disso, a redução no payout de dividendos para 30% pode impactar a atratividade do papel para investidores que priorizam a distribuição de proventos.
A decisão final sobre vale a pena comprar ações do Banco do Brasil deve considerar seu perfil de investidor, horizonte de tempo e objetivos financeiros. Para investidores de longo prazo, que conseguem tolerar volatilidade no curto prazo em troca de potencial valorização futura e dividendos, o momento atual pode representar uma oportunidade de entrada a preços descontados.
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